Pesquisa revela comportamento dos brasileiros entre quatro paredes. Por exemplo, 1/3 dos homens não conseguem ter ereção.
Vira e mexe, surge algum estudo comparando o comportamento
sexual dos diferentes povos. Se questões básicas da cultura, como culinária,
música e costumes, variam tanto de uma nacionalidade para outra, com certeza
com as características sexuais não seria diferente.
É o que aponta pesquisa Mosaico 2.0, conduzida pela
psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade (Prosex) do
Instituto da Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP). Publicado em 2016, o estudo revelou dados
peculiares sobre o comportamento dos brasileiros na cama. Confira alguns:
Com que frequência
Três mil pessoas com idade entre 18 e 70 anos participaram
da avaliação, que foi publicada em sete regiões metropolitanas do Brasil (São
Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Belém, Porto Alegre e Distrito
Federal).
Ao responderem a questão sobre qual a frequência que
gostariam de ter relações sexuais, a média da resposta foi 5,5 vezes por
semana. No entanto, os entrevistados admitiram fazer, em média, 2,9 relações
sexuais por semana. Este número não é nada mal, se considerado que os
brasileiros ficam em segundo lugar entre os povos que mais fazem sexo (145
relações sexuais por ano), segundo uma pesquisa do Instituto Harris Interactive
realizada em 2007 em 26 países com mais de 26 mil pessoas. Perdemos somente
para os gregos, com 164 vezes ao ano.
Preocupações
Apesar de a relação sexual não ter nada a ver com o
raciocínio lógico, o cérebro dás um jeito de marcar ponto no momento íntimo. De
acordo com a pesquisa, no caso dos homens, a maioria deles (55%) tem os
pensamentos em torno do medo de falhar na hora H; já grande parte das mulheres
(46%), de pegar alguma doença sexualmente transmissível (DST).
“Culturalmente, homens são socializados para terem um desempenho
sexual a fim de que a atividade possa cumprir, além do prazer, a função
reprodutiva. Assim, preocupam-se em ter ereções. As mulheres são socializadas a
cuidarem de uma saúde que permita a reprodução, afinal, as DSTs podem
prejudicar a gravidez e a saúde do filho por nascer”, afirma o psicoterapeuta
Oswaldo Rodrigues Jr..
Tais preocupações são um sinal de que o cérebro age até nos
momentos mais descontraídos. “As mulheres, pelo histórico de repressão, tanto
social quanto moral e religiosa, até no momento de prazer acabam trazendo todos
estes valores; e pelo cuidado com sua saúde. Os homens, quando estão com muito
prazer, fazem e depois pensam, pois até hoje a contracepção acaba sendo
responsabilidade da mulher e não do casal, como deveria ser”, explica a
educadora sexual e psicanalista Lelah Monteiro.
Os instintos mais primitivos de ambos os sexos também vêm à
tona na hora H, como destaca a sensual coach Fátima Moura: “ a mulher é mais
sensata na hora do sexo; o homem vai mais por impulso. Além das DSTs, a mulher
ainda se preocupa com a gravidez”.
O medo de brochar
A preocupação em não ter uma ereção é real para, pelo menos,
um terço dos homens brasileiros, pois apresentam dificuldades no desempenho, de
acordo com a pesquisa.
No entanto, devem se preocupar mesmo os homens com mais de
60 anos, já que é a partir dessa idade que a impotência sexual torna-se mais
comum.
As causas podem ser psicológicas (depressão, ansiedade,
estresse, conflitos conjugais, o próprio medo do desempenho, etc) efísicas
(obesidade, uso excessivo de álcool, tabagismo, problemas vasculares, diabetes,
efeito da cirurgia de retirada da próstata ou de algum medicamento, como
antidepressivos).
Para tratar o problema, é importante descobrir sua causa.
Psicoterapias individuais ou de casal ajudam a amenizar os fatores
psicológicos. Já quando a questão é fisiológica, é possível o uso de prótese
penianas ou medicações. Contudo, em todos os casos, é preciso passar pela
análise de um médico especialista antes de iniciar o tratamento.
Hora de descansar
Outro dado interessante revelado pela pesquisa da USP é a
diferença de prioridades quando o assunto é sexo e qualidade de vida.
Para as mulheres, a qualidade do sono vem em primeiro lugar,
enquanto que, para os homens, ter uma boa vida sexual é quase tão importante
quanto comer. “Os homens aprenderam a usar a atividade sexual para relaxarem-se
das tensões cotidianas, das ansiedades advindas do trabalho. As mulheres, ao se
preocuparem mais com as funções sexuais em prol da fertilidade, atentam para os
outros fatores cotidianos para depois se dedicarem ao sexo”, explica Oswaldo.
A educadora sexual traz outro ponto de vista: “para a
mulher, sua cama habitual é um lugar de descanso. Para a maioria dos homens,
sexo significa que terá relaxamento em seguida, então, associam cama com prazer
seguido de descanso”.
É fato que as horas bem dormidas são fundamentais para o bom
funcionamento do cérebro e do restante do organismo, além de repor as energias.
“O corpo, para ter uma boa resposta sexual, precisa estar descansado. Se o
homem também não tiver um descanso, não vai ter uma boa resposta sexual. Mas
eles ficam preocupados, se sentem na obrigação de cumprir um papel. Já a
mulher, não. É, mais uma vez, questão cultural”, lembra Fátima.
Alinhando as expectativas
As diferenças entre homens e mulheres sobre o sexo também
podem ser vistas quando o assunto é classificação da vida sexual. Para as
mulheres, somente com as demais questões da vida resolvidas que a vida sexual
tem qualidade. Já para os homens se dá o inverso: ter a vida sexual bem
resolvida facilita resolver outras questões.
Tal discrepância pode acabar gerando expectativas diferentes
entre os indivíduos, principalmente se formam um casal. “Normalmente, é difícil
o encontro dos casais em prol da atividade sexual, pois cada qual tende a
sobrevalorizar a própria forma de encontro do sexo, esperando que o outro venha
ao encontro”, destaca Oswaldo.
De acordo com o especialista, esse cenário somente será
superado quando o casal começar a pensar em conjunto, e não somente
individualmente. Ou seja, no sexo, não há espaço para egoísmo. “O casal precisa
criar uma intimidade, quando possa conversar sobre tudo. Cada casal tem um
ritmo. Por mais que tenham dados de pesquisas, cada pessoa precisa conhecer e
respeitar os desejos um do outro. O sexo não tem regras; tem princípios, que
são de cada casal”, complementa Fátima.
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