terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Como Você é na Cama?

Pesquisa revela comportamento dos brasileiros entre quatro paredes. Por exemplo, 1/3 dos homens não conseguem ter ereção.



Vira e mexe, surge algum estudo comparando o comportamento sexual dos diferentes povos. Se questões básicas da cultura, como culinária, música e costumes, variam tanto de uma nacionalidade para outra, com certeza com as características sexuais não seria diferente.
É o que aponta pesquisa Mosaico 2.0, conduzida pela psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade (Prosex) do Instituto da Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Publicado em 2016, o estudo revelou dados peculiares sobre o comportamento dos brasileiros na cama. Confira alguns:

Com que frequência

Três mil pessoas com idade entre 18 e 70 anos participaram da avaliação, que foi publicada em sete regiões metropolitanas do Brasil (São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Belém, Porto Alegre e Distrito Federal).
Ao responderem a questão sobre qual a frequência que gostariam de ter relações sexuais, a média da resposta foi 5,5 vezes por semana. No entanto, os entrevistados admitiram fazer, em média, 2,9 relações sexuais por semana. Este número não é nada mal, se considerado que os brasileiros ficam em segundo lugar entre os povos que mais fazem sexo (145 relações sexuais por ano), segundo uma pesquisa do Instituto Harris Interactive realizada em 2007 em 26 países com mais de 26 mil pessoas. Perdemos somente para os gregos, com 164 vezes ao ano.

Preocupações

Apesar de a relação sexual não ter nada a ver com o raciocínio lógico, o cérebro dás um jeito de marcar ponto no momento íntimo. De acordo com a pesquisa, no caso dos homens, a maioria deles (55%) tem os pensamentos em torno do medo de falhar na hora H; já grande parte das mulheres (46%), de pegar alguma doença sexualmente transmissível (DST).

“Culturalmente, homens são socializados para terem um desempenho sexual a fim de que a atividade possa cumprir, além do prazer, a função reprodutiva. Assim, preocupam-se em ter ereções. As mulheres são socializadas a cuidarem de uma saúde que permita a reprodução, afinal, as DSTs podem prejudicar a gravidez e a saúde do filho por nascer”, afirma o psicoterapeuta Oswaldo Rodrigues Jr..

Tais preocupações são um sinal de que o cérebro age até nos momentos mais descontraídos. “As mulheres, pelo histórico de repressão, tanto social quanto moral e religiosa, até no momento de prazer acabam trazendo todos estes valores; e pelo cuidado com sua saúde. Os homens, quando estão com muito prazer, fazem e depois pensam, pois até hoje a contracepção acaba sendo responsabilidade da mulher e não do casal, como deveria ser”, explica a educadora sexual e psicanalista Lelah Monteiro.
Os instintos mais primitivos de ambos os sexos também vêm à tona na hora H, como destaca a sensual coach Fátima Moura: “ a mulher é mais sensata na hora do sexo; o homem vai mais por impulso. Além das DSTs, a mulher ainda se preocupa com a gravidez”.

O medo de brochar

A preocupação em não ter uma ereção é real para, pelo menos, um terço dos homens brasileiros, pois apresentam dificuldades no desempenho, de acordo com a pesquisa.

No entanto, devem se preocupar mesmo os homens com mais de 60 anos, já que é a partir dessa idade que a impotência sexual torna-se mais comum.

As causas podem ser psicológicas (depressão, ansiedade, estresse, conflitos conjugais, o próprio medo do desempenho, etc) efísicas (obesidade, uso excessivo de álcool, tabagismo, problemas vasculares, diabetes, efeito da cirurgia de retirada da próstata ou de algum medicamento, como antidepressivos).

Para tratar o problema, é importante descobrir sua causa. Psicoterapias individuais ou de casal ajudam a amenizar os fatores psicológicos. Já quando a questão é fisiológica, é possível o uso de prótese penianas ou medicações. Contudo, em todos os casos, é preciso passar pela análise de um médico especialista antes de iniciar o tratamento.

Hora de descansar

Outro dado interessante revelado pela pesquisa da USP é a diferença de prioridades quando o assunto é sexo e qualidade de vida.

Para as mulheres, a qualidade do sono vem em primeiro lugar, enquanto que, para os homens, ter uma boa vida sexual é quase tão importante quanto comer. “Os homens aprenderam a usar a atividade sexual para relaxarem-se das tensões cotidianas, das ansiedades advindas do trabalho. As mulheres, ao se preocuparem mais com as funções sexuais em prol da fertilidade, atentam para os outros fatores cotidianos para depois se dedicarem ao sexo”, explica Oswaldo.

A educadora sexual traz outro ponto de vista: “para a mulher, sua cama habitual é um lugar de descanso. Para a maioria dos homens, sexo significa que terá relaxamento em seguida, então, associam cama com prazer seguido de descanso”.

É fato que as horas bem dormidas são fundamentais para o bom funcionamento do cérebro e do restante do organismo, além de repor as energias. “O corpo, para ter uma boa resposta sexual, precisa estar descansado. Se o homem também não tiver um descanso, não vai ter uma boa resposta sexual. Mas eles ficam preocupados, se sentem na obrigação de cumprir um papel. Já a mulher, não. É, mais uma vez, questão cultural”, lembra Fátima.


Alinhando as expectativas

As diferenças entre homens e mulheres sobre o sexo também podem ser vistas quando o assunto é classificação da vida sexual. Para as mulheres, somente com as demais questões da vida resolvidas que a vida sexual tem qualidade. Já para os homens se dá o inverso: ter a vida sexual bem resolvida facilita resolver outras questões.

Tal discrepância pode acabar gerando expectativas diferentes entre os indivíduos, principalmente se formam um casal. “Normalmente, é difícil o encontro dos casais em prol da atividade sexual, pois cada qual tende a sobrevalorizar a própria forma de encontro do sexo, esperando que o outro venha ao encontro”, destaca Oswaldo.


De acordo com o especialista, esse cenário somente será superado quando o casal começar a pensar em conjunto, e não somente individualmente. Ou seja, no sexo, não há espaço para egoísmo. “O casal precisa criar uma intimidade, quando possa conversar sobre tudo. Cada casal tem um ritmo. Por mais que tenham dados de pesquisas, cada pessoa precisa conhecer e respeitar os desejos um do outro. O sexo não tem regras; tem princípios, que são de cada casal”, complementa Fátima.

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